terça-feira, 26 de maio de 2015

Relatório confirma más condições e falta de defensores nos presídios de PE




Um relatório de inspeções efetuadas em unidades prisionais em Pernambuco foi apresentado, na segunda-feira (18), na sede da vice-governadoria do Estado de Pernambuco, em Santo Amaro, região central do Recife, pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e Ouvidoria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Um grande problema levantado no trabalho foi a ausência de defensores públicos suficientes para prestar assistência jurídica aos internos do sistema prisional. Foi observado que algumas unidades não contam com a presença da Defensoria Pública, o que dificulta o acesso dos presos ao sistema de Justiça e a efetivação de direitos que venham a garantir “o desencarceramento no momento certo”.

Os responsáveis pela iniciativa visitaram os presídios Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, Frei Damião de Bozzano, pertencentes ao Complexo Prisional do Curado, bairro na zona oeste do Recife, e o de Igarassu, município da Região Metropolitana da capital pernambucana, e apresentaram, no auditório da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, um trabalho contendo resoluções, recomendações e sugestões, a fim de ajudar na implementação de medidas de solução.

O relatório ressalta condições precárias do sistema prisional pernambucano, como falta de vagas, péssima estrutura física, falta de alimentos, de fardamento e de produtos de higiene, e faz uma análise da realidade da execução penal em Pernambuco. Foi encontrado, por exemplo, um grande número de presos aguardando julgamento. De acordo com o estudo, cerca de 62% dos presos no estado são provisórios, ou seja, a maioria das pessoas recolhidas nos estabelecimentos penitenciários não foram julgadas ou tiveram estabelecidas penas a cumprir.

Outro aspecto negativo levantado no trabalho foi a falta de agentes penitenciários e foi verificada que, em um presídio, a função de segurança interna era feita por um interno.

Os defensores públicos federais Guilherme Jordão e André Carneiro, chefes da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife, foram ao evento e acompanharam o relato do trabalho das inspeções. “É muito importante a divulgação do relatório do CNPCP porque vem reforçar o problema que a Defensoria Pública no Brasil destaca há muito tempo: estrutura extremamente deficitária e pouco investimento, gerando superlotação e graves violações de direitos humanos e não atendendo à finalidade de recolocação do preso na sociedade”, destacou Jordão.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado de Pernambuco, Pedro Eurico, ressaltou a importância da apresentação e do debate sobre a realidade dos presídios com as instituições presentes no evento. “Sabemos dos problemas, as providências já foram tomadas e as dificuldades estão sendo enfrentadas”, garantiu o secretário.