segunda-feira, 26 de março de 2018

DPU no Recife promove seminário de luta contra o racismo


A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife e o Fórum de Juventude Negra de Pernambuco (Fojunepe) realizaram o seminário “Defensoria Pública e Movimentos Sociais: Negritudes, Identidade e Luta contra o Racismo”, na quinta-feira (22), no auditório da sede da DPU no Recife.

Na abertura do evento, a defensora pública-chefe da DPU no Recife, Tarcila Maia, falou sobre a importância de haver instituições plurais, com representatividade. “A DPU vem avançando nesse sentido: temos cotas nas seleções de estagiários, e nos recentes concursos para servidores e defensores também tivemos”. Tarcila Maia observou que todos os temas abordados no seminário “são muito relevantes no contexto atual do nosso país, que vive um grande retrocesso em matéria de direitos humanos”.

No primeiro momento da programação, foi abordado o tema do extermínio da juventude negra, com mediação da defensora pública federal Tarcila Maia, e participação de Derson Silva (Fojunepe), de Nice Nick (ativista digital: 100% negra), de Girlana Diniz (gerente de igualdade racial da Prefeitura do Recife) e de Jaqueline Soares (grupo AdoleScER).

O segundo painel, sobre resistência quilombola, foi mediado pelo defensor público federal Geraldo Vilar, em mesa presidida pelo defensor público federal André Carneiro Leão, com a apresentação de Magno Araújo (Comunidade Quilombola Ilha de Mercês), de Fátima Silva (Comunidade Quilombola Onze Negras) e de Bianca Stella Barroso (Ministério Público de Pernambuco).

A solidão da mulher negra foi o tema da mesa do terceiro debate. A defensora pública federal Fernanda Marques, que atuou como mediadora, disse estar emocionada com a oportunidade pela sua identificação como negra por ser parda. “E a solidão é um ponto que mexe muito com a mulher. A mulher não pode se sentir sozinha por ser negra, é inadmissível”, afirmou.

A educadora e pesquisadora Rivane Arantes, representante do SOS Corpo, fez um relato da situação das mulheres negras, com o alto índice de encarceramento e baixa ocupação de espaços de poder, e ressaltou a importância do diálogo com a DPU para garantir políticas públicas. “Para parte da sociedade, vivemos uma igualdade racial. Mas o nosso corpo serve para os trabalhos domésticos, braçais e indesejáveis”, alertou a educadora.

Para a advogada e pesquisadora Sara Luz, integrante do Grupo de Criminologia Asa Branca, o tema exigiu um recorte afetivo sobre várias questões - sobre quem exerce o poder de definir a identidade, o que é o belo, o que é o amável – e que essa solidão acaba sendo uma escolha pessoal e um contexto social de democracia racial e machismo. “Nós vivemos uma supremacia dos valores brancos, que são identificados com as melhores coisas, as mais positivas. A grande questão é que a gente vem vivendo um processo de empoderamento que precisa ser considerado. Ser negro é lutar contra uma cultura de subalterno”, disse Luz.

Com uma homenagem a Marielle Franco, a psicóloga Talita Rodrigues, da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, abordou o desafio de ser uma mulher negra. Ela ressaltou a importância de se observar o caminho histórico e pessoal de cada um, com processos de subjugação e aniquilação psíquica. “Quando se depara com o(a) negro(a), a vida dessa pessoa está marcada pelo machismo e pelo racismo”, asseverou a psicóloga.

A ativista e defensora de direitos humanos Rivânia Rodrigues, da Rede Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras Autônomas e Feministas – Candaces, fez um recorte de problemas da mulher lésbica, transexual e bissexual. “Na saúde, por exemplo, não consegue ser mãe porque o SUS não garante a inseminação. Também não conseguem emprego pelo estereótipo masculino e por ser negra. Estamos voltando a ser escravos novamente”, relatou Rodrigues.

A última mesa tratou das faces do racismo institucional. O presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef), Igor Roque, fez a mediação do encontro. Roque afirmou se incluir entre a população negra e disse ter aceitado o convite porque a Anadef tem entre as atribuições estatutárias combater o racismo e tentar mudar essa injustiça racial. “O racismo é o nosso maior problema social. Todos os problemas sociais têm um ponto de partida comum, que é o racismo”, afirmou.

A professora e pesquisadora Liana Lewis, do Núcleo de Pesquisa em Relações Raciais Frantz Fanon (Nupper) da Universidade Federal de Pernambuco, tratou do racismo nas relações estruturais da sociedade. “A raça é uma categoria mais estruturante, vai além de gênero”, afirmou. A professora abordou como as instituições lidam com o negro no Brasil, que falham em não oferecer um tratamento com dignidade. “O negro onde ele chega, ele vai ser negro. No racismo, os negros não são considerados plenamente humanos. As instituições não vão considerá-los com o devido respeito”, criticou Lewis. Ela também alertou que o encarceramento em massa da população negra é uma das faces mais evidentes do genocídio negro e do racismo institucional.

O representante do Coletivo Mangueiras, Henrique Costa, ativista LGBT, agradeceu o convite para participar do encontro e fez uma proposta de trazer provocações sobre a sexualidade e raça. “A heterossexualidade como norma é um processo de colonização. Qual sexualidade é mais digna, mais aceita?, questionou. Costa afirmou que são positivas e legítimas as várias formas de sexualidade e de comportamento com o corpo e fez uma denúncia contra a violência de uma LGBTfobia racializada.

A fala final do debate foi realizada pelo coordenador do Fojunepe, o assistente social Derson Silva, que falou que a discussão racial está relacionada à impossibilidade do negro de viver. “Somos mortos muitas vezes antes das balas. As instituições estão contaminadas pelo racismo. E o negro, na condição de escravizado, está ali para servir”, disse. Ele afirmou que as instituições operam e legitimam o racismo. “O negro é o inimigo interno, que sofre com o autoritarismo e o punitivismo. Mas é permitido às autoridades que comentam crimes e saiam impunes”, afirmou Silva.

No evento, também foi realizada uma exposição do trabalho do artista Eliosval Fortunato.

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/41781-dpu-no-recife-promove-seminario-de-luta-contra-o-racismo

sexta-feira, 23 de março de 2018

DPU no Recife obtém revisão de aposentadoria por tempo especial para cidadão


C.D.F.S. conseguiu revisão de sua aposentadoria após a atuação da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife. A Justiça Federal em Pernambuco reconheceu que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve revisar a renda mensal inicial (RMI) da aposentadoria por contribuição do assistido, considerando o tempo especial trabalhado como vigilante.

A defensora pública federal Fernanda Marques Cornélio, titular do 6º Ofício Previdenciário, propôs ação para fins de revisão da renda inicial do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mediante a conversão de tempo de serviço prestado sob condições especiais em tempo de serviço comum, com o pagamento das parcelas retroativas devidas desde 5 de novembro de 2008.

De acordo com Marques, ficou demonstrada a necessidade de revisão em análise da Carta de Concessão/Memória de Cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição. “Foi observado que, enquanto a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e demais documentos indicam que C.D.F.S. completou tempo de contribuição superior a 44 anos, o INSS contabilizou apenas 35 anos. Ele possui um tempo de contribuição superior ao apurado pela autarquia, o que lhe garantiria o direito a uma aposentadoria mais vantajosa do que a concedida”, sustentou a defensora.

A juíza federal Daniela Zarzar Pereira de Melo Queiroz, titular da 30ª Vara da Seção Judiciária de Pernambuco, condenou a autarquia previdenciária ao pagamento das diferenças devidas desde 5 de novembro de 2008 até o início do pagamento do benefício, observada a prescrição quinquenal. “A dívida deverá ser corrigida com atualização pelos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos do art. 1.º¬F da Lei n.º 9.494/97, com a redação modificada pela Lei n.º 11.960/2009, a partir de cada vencimento”, sentenciou a magistrada.

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/41717-dpu-no-recife-obtem-revisao-de-aposentadoria-por-tempo-especial-para-cidadao

quarta-feira, 21 de março de 2018

DPU participa de audiência pública sobre mulheres no poder


A Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) promoveu, nessa terça-feira (20), no auditório Senador Sérgio Guerra, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, audiência pública para discutir baixa representatividade das mulheres em cargos públicos e espaços de poder, com a participação da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife. O debate fez parte dos eventos de celebração do Dia Internacional da Mulher (8).

A defensora pública federal Tarcila Maia Lopes, chefe da DPU no Recife, participou do encontro falando de sua trajetória profissional e de como vivenciou a desigualdade de gênero dentro da DPU. “Nós mulheres precisamos avançar na conquista dos espaços de poder. Na DPU, por exemplo, nós temos os três cargos máximos ocupados por homens. No Conselho Superior, dos nove conselheiros, apenas três são mulheres”.

A defensora ainda falou das dificuldades que as mulheres encontram na DPU e terminou a fala com uma reflexão de como as mulheres precisam ocupar esses espaços públicos, os espaços de poder, inclusive para poder denunciar essa desigualdade.

Participaram representantes do Poder Legislativo, as deputadas estaduais Terezinha Nunes (PSDB) e Simone Santana (PSB); do Poder Judiciário , a juíza do trabalho Viviane Oliveira; do Poder Executivo, a diretora-geral de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do Estado de Pernambuco, Bianca Rocha; do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a promotora Geovana Belfort; da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB-PE), a presidente da Comissão da Mulher da OAB-PE, Ana Luiza Mousinho; da Defensoria Pública do Estado de Pernambuco, a defensora pública Gina Ribeiro, dentre outras instituições.

Representatividade

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de comporem 52% da população brasileira, as mulheres ainda são minoria nos espaços de poder e ocupam a menor parte dos cargos gerenciais de instituições públicas e privadas do país.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Alepe

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/41715-dpu-participa-de-audiencia-publica-sobre-mulheres-no-poder-2

quinta-feira, 15 de março de 2018

DPU Recife sedia seminário contra o racismo


A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife e Fórum de Juventude Negra de Pernambuco (FOJUNEPE) promovem o seminário “Defensoria Pública e Movimentos Sociais: Negritudes, Identidade e Luta contra o Racismo”, na próxima quinta-feira (22), das 9h às 17h, no auditório da sede da DPU no Recife.

No primeiro momento da programação, será tratado do extermínio da juventude negra, com mediação da defensora pública federal, Tarcila Maia, e com participação de Derson Silva (FOJUNEPE), de Nice Nick (ativista digital: 100% negra), de Girlana Diniz (gerente de igualdade racial da Prefeitura do Recife) e de Jaqueline Soares (grupo AdoleScER).

A resistência quilombola será abordada no segundo painel, com mediação do defensor público federal Geraldo Vilar e com a apresentação de Magno Araújo (Comunidade Quilombola Ilha de Mercês), de Fátima Silva (Comunidade Quilombola Onze Negras) e de Bianca Stella Barroso (Ministério Público de Pernambuco).

A terceira mesa de debatedores terá como tema: A solidão da mulher negra. A mediação será da defensora pública federal Fernanda Marques, com o debate de Rivane Arantes (SOS Corpo), de Sara Luz (Grupo de Criminologia Asa Branca), de Talita Rodrigues (Rede de Mulheres Negras de Pernambuco) e de Rivânia Rodrigues (Rede Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras Autônomas e Feministas - Candaces).

A última apresentação do encontro será sobre as faces do racismo institucional, com mediação do presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef), Igor Roque, e com palestras de Liana Lewis (Núcleo de Pesquisa em Relações Raciais Frantz Fanon (NUPPER) da Universidade Federal de Pernambuco, de Henrique Costa (Coletivo Mangueiras), de Vera Baroni (Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco) e de Mônica Oliveira (Federação de Órgão para Assistência Social e Educacional - Fase Pernambuco).

Aos participantes, será emitido certificado ao final do evento. A entrada é gratuita (sujeita à lotação: 120 lugares).

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/41627-dpu-no-recife-e-fojunepe-debatem-identidades-negras-e-luta-contra-o-racismo

DPU promove roda de conversa sobre gênero e relações de trabalho no Recife


A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife promoveu roda de conversa sobre gênero e relações de trabalho no auditório da instituição em celebração ao Dia Internacional da Mulher.

De acordo com a defensora pública federal Tarcila Maia Lopes, chefe da DPU no Recife, em uma instituição como a Defensoria, que trabalha na defesa dos direitos humanos, é fundamental falar sobre gênero. “A roda de conversa é uma iniciativa da chefia para abrir um canal de diálogo com as mulheres que trabalham na DPU/Recife, a fim de que elas se sintam confortáveis em reportar eventuais situações de comentários discriminatórios ou até mesmo de assédio”, explicou.

Realizado em 9 de março, o evento integrou as atividades da Semana Internacional da Mulher. A Defensoria Pública da União atua para proteger o direito das mulheres e conta com grupo de trabalho específico para monitorar ações de discriminação e violações de direitos.

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/44-noticias-pe-geral/41628-dpu-promove-roda-de-conversa-sobre-genero-e-relacoes-de-trabalho-no-recife

quarta-feira, 7 de março de 2018

DPU no Recife ajuíza ação civil pública em defesa dos ostomizados


A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife ajuizou, nessa segunda-feira (5), uma ação civil pública (ACP) para que a União e o Estado de Pernambuco regularizem o atendimento dos ostomizados na rede pública estadual de saúde, fornecendo aos pacientes os equipamentos coletores (bolsa-depósito) e adjuvantes necessários. Como pedido liminar, foi solicitado bloqueio do montante de R$ 548.961, valor estimado que seria suficiente para adquirir o equipamento necessário para cerca de dois mil ostomizados em Pernambuco que dependem do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

O defensor público federal Geraldo Vilar Correia Lima Filho, responsável pelo Ofício Regional de Direitos Humanos em Pernambuco, manteve diálogo com a Secretaria Estadual de Saúde para buscar solucionar o problema no âmbito administrativo. “Não faltou boa vontade e disposição para buscar uma solução consensual para o problema, que se arrasta há meses, porém o drama e os agravos à saúde e dignidade das pessoas ostomizadas só aumentam a cada dia, de modo que não restou alternativa a não ser ajuizar ação civil pública, representando os interesses dos ostomizados em acompanhamento na rede pública de saúde no Estado de Pernambuco, visando à condenação do Estado, no sentido de que forneça, com urgência, as bolsas coletoras e os adjuvantes necessários aos pacientes ostomizados”, explica Vilar. 

A Associação dos Ostomizados de Pernambuco (Aospe) procurou a DPU no Recife informando que desde agosto de 2017 vem ocorrendo descontinuidade no fornecimento de bolsas coletoras e adjuvantes para os pacientes ostomizados em Pernambuco. As faltas das bolsas foram pontualmente supridas, com atraso e constrangimentos aos pacientes, por meio de compras emergenciais. No entanto, a última distribuição do material ocorreu em novembro do ano passado. 

O defensor Geraldo Vilar afirma que a ACP ajuizada objetiva garantir dignidade e assistência integral à saúde das pessoas ostomizadas e informa que o Ministério da Saúde, nas Diretrizes para Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas no SUS, por meio da Portaria 400/2009, prevê, entre outras coisas, o dever de fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança. “Logo, não há dúvidas quanto à obrigatoriedade da disponibilização desses instrumentos na rede pública de saúde”, ressalta o defensor.

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/41502-dpu-no-recife-ajuiza-acao-civil-publica-em-defesa-dos-ostomizados