terça-feira, 28 de maio de 2019

Presas do Bom Pastor participam de roda de conversa com a DPU


O projeto criado pela Defensoria Pública da União (DPU) no Recife e pelo coletivo Liberta Elas para tirar dúvidas jurídicas de mulheres em situação de cárcere na Colônia Penal Feminina do Recife, conhecida como Bom Pastor, teve uma nova edição no mês de maio. A ação aconteceu na tarde do dia 17, durou cerca de duas horas e reuniu cerca de 20 detentas.

A defensora pública federal Tarcila Maia Lopes participou da roda de conversa com duas estagiárias da Defensoria, Victoria Galvão e Renata Falcão, e duas representantes do Liberta Elas, Clarissa Trevas e Juliana Trevas. “A dúvida mais comum é relativa à prisão domiciliar. Dessa vez, tivemos o caso de uma mulher presa por tráfico de drogas e que está com um filho menor prestes a fazer uma cirurgia. Ela estava muito angustiada porque não iria poder prestar assistência a ele. Vimos o processo dela e não tinha sido feito o pedido de liberdade ainda. Orientamos ela a procurar a Defensoria Estadual, que atende no Bom Pastor, e o Liberta Elas também se disponibilizou a fazer esse pedido de liberdade e prisão domiciliar”, destacou a defensora.

Além da importância do contato das mulheres em situação de cárcere com um órgão público como a DPU, Tarcila Maia Lopes acredita na relevância desse projeto para a formação dos estagiários da Defensoria. “Acredito que a continuidade do projeto é muito importante para formação dos estagiários da área criminal, pois os coloca de frente com a realidade dos nossos presídios. Inclusive, foi a primeira vez das duas estagiárias em um presídio”, complementou a defensora.

A estagiária Victoria Galvão também acredita que a experiência foi importante para a formação dela. “É necessário para qualquer pessoa que pretende trabalhar com o Direito Penal refletir sobre o que pode significar um dia de pena na vida de alguém. E esse contato com as mulheres presas traz mais realismo para essa reflexão e indica formas de agir para mudar a triste realidade que está posta. Algo que me chamou muita atenção foi a forma como as mulheres reagiam ao falar sobre a polícia e o momento em que foram presas. Dentre relatos de violência policial e ameaças, algumas demonstraram medo de encontrar os agentes no momento da audiência e do impacto que a versão desses oficiais significaria no processo”, disse.

Para a estagiária Renata Falcão, que estava aniversariado no dia da visita, foi uma experiência que acrescentou muito na sua vida. “A visita foi um aprendizado. Para mim, que nunca tinha ido a um presídio, ficou bem evidente a falta de conhecimento das presas acerca do que estava acontecendo em seus próprios processos. Me impressionei também com a quantidade de mulheres presas preventivamente. Muitas delas também têm filhos e falaram bastante deles, da preocupação com eles, principalmente as que possuem filhos menores de 12 anos e, portanto, em tese, teriam direito à prisão domiciliar. Foi uma visita que me fez abrir ainda mais os olhos para a situação real dos presídios. Me fez perceber que quando eu estou na sala do estágio com um computador na minha frente, eu estou tratando da vida de pessoas e não só de um processo”, afirmou.

ACAG/MRA
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União