terça-feira, 7 de maio de 2019

DRDH/PE participa de escuta pública sobre povos indígenas no Recife

Foto: UNICAP

O defensor regional de direitos humanos (DRDH) da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife, André Carneiro Leão, participou, no dia 30 de abril, da 1° escuta pública sobre a situação dos Povos Indígenas de Pernambuco, realizada na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com a participação de cinco lideranças indígenas. O evento foi promovido pela Cátedra Dom Helder Câmara de Direitos Humanos e pelo Instituto Humanitas, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE).

Durante cerca de duas horas, as lideranças indígenas dos povos Pankararu, Fulni-ô, Xukuru, Atikum e Truká puderam falar sobre a situação atual de suas comunidades no Estado, as demandas das tribos individual e coletivamente, além das preocupações com a mudança de governo. “Sou de um povo historicamente aguerrido e de tradições fortes. E assim como todos os índios do Brasil estamos aí há 519 anos resistindo. Esse ano é um ano de grandes desafios”, destacou Carmem Pankararu. “As pautas da nova gestão para o Brasil são extremamente ameaçadoras, pois tratam do que temos de mais sagrado, que é a nossa terra. Os povos indígenas não serão povos indígenas sem a terra”.

As recentes medidas provisórias do Governo Federal foram destaque nas declarações de todas as lideranças. “Sabemos que historicamente a Funai não foi um parceiro dos povos indígenas, mas de certa forma eles vinham desempenhando um papel muito importante para os índios. Porque quando a demarcação de terra passa para o outro lado, para o lado das pessoas que historicamente sempre nos perseguiram, sempre assassinaram indígenas, podemos chamar isso de genocídio”, disse Tiago Xukuru. “Tudo isso em prol do progresso? Que progresso é esse? Que modernidade é essa? Que tipo de democracia é essa que vem se estabelecendo no nosso país?”.
Para Ana Maria Sobrinho, da etnia Atikum, apesar dos problemas, o povo indígena é forte. “Cada dia que passa o que tínhamos conquistado vai diminuindo e não sabemos onde vamos parar com tanta regressão. Mas o movimento é forte e estamos aqui para lutar”, ressaltou.

O DRDH André Carneiro Leão, que acompanhou a escuta, também se pronunciou explicando como a Defensoria Pública da União está atuando em prol das comunidades indígenas. "A DPU acompanha o cumprimento da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos em relação ao povo Xukuru, o processo de desintrusão das terras do povo Pankararu e outros processos específicos de demarcação. Estamos preocupados com a mudança na política de atendimento às comunidades indígenas e com a possibilidade de aumento das mortes no campo. A criminalização das lideranças indígenas também é uma matéria para a qual devemos estar atentos. E após o processo de reestruturação da Funai, toda a defesa criminal dos indígenas passou a ser feita pela DPU”, enfatizou Leão.

Além da participação da DPU, o evento contou com a presença da procuradora federal Maria Beatriz Ribeiro, de estudantes e professores universitários e alunos do Colégio Liceu Nóbrega.

*Com informações da Unicap


ACAG/KNM
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União