quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DPU busca solução extrajudicial para moradia em Fernando de Noronha


A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife buscará uma solução administrativa para a questão da moradia em Fernando de Noronha. Representantes da DPU estiveram no arquipélago de 29 de agosto a 1º de setembro e testemunharam uma grave situação de déficit habitacional.

O defensor público federal Igor Roque afirmou que encontrou em Fernando de Noronha um problema fundiário muito grave. De acordo com Roque, existe uma estimativa que mais de 450 famílias sem moradia. “A gente tem que sentar, discutir e procurar uma alternativa na via administrativa. Conversando com a Administração da Ilha, com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), com o Estado de Pernambuco, com a União Federal para tentar construir uma solução onde não se prejudique os residentes da Ilha, as pessoas que estão lá há 50 ou 30 anos e não têm alternativa”, afirmou o defensor.

Uma alternativa para o problema, segundo Roque, seria alterar o plano de manejo (documento que descreve aspectos geográficos e socioeconômicos da Área de Proteção Ambiental-APA), que é uma solução que já está sendo proposta pelo Conselho Distrital (espécie de Câmara de Vereadores) do arquipélago, mas que depende dos órgãos ambientais. Apenas 30% da área do arquipélago é APA, podendo sofrer algum manejo humano, e o restante é área do Parque Nacional Marinho, de preservação permanente. “Pegar as zonas que já tem a interferência humana para destinar à utilização das famílias”, disse Roque.


Roque ressaltou achar essencial a visita da DPU, porque a instituição estava à margem desse problema. “Não tínhamos conhecimento até por uma questão geográfica. Então quando nós fomos demandados e fomos até lá, a gente confirmou o problema do Galpão da Quixaba e descobriu alguns outros problemas”, afirmou o defensor.

A assistente social da DPU no Recife, Simone Guerra, disse que foi muito importante para conhecer a realidade concreta dos moradores do Galpão Quixaba. Ela destacou que a visita também possibilitou a identificação de diversas problemáticas relacionadas à questão habitacional na Ilha. “Trata-se de um cenário bastante diverso daqueles encontrados nas áreas mais urbanizadas das cidades de um modo geral. Apresenta nuances bem específicas que necessitariam de um estudo aprofundado daquela realidade”, ressaltou a assistente social.

O conselheiro distrital Ailton Júnior disse que a visita da DPU foi bem recebida pela população. “Visto que aqui a gente tem vários entes como Aeronáutica, ICMBio, Marinha, Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que atuam em Fernando de Noronha, que estão diretamente ligados à vida da população e em consequência disso também existem pessoas carentes que precisam de defensores públicos’, disse o conselheiro.

Quixaba - A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife foi procurada por representantes de moradores de Fernando de Noronha, no dia 16 de agosto, para que o órgão atue em favor de nove famílias no processo de reintegração de posse movida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), referente a um terreno onde está localizado um galpão na Vila da Quixaba.

A DPU no Recife pediu habilitação no processo judicial. A instituição necessitou fazer um levantamento de todas as informações disponibilizadas pelos representantes das famílias, ver as documentações existentes e analisar a situação de cada morador do galpão da Quixaba. Considerando a urgência do levantamento de dados para a execução de uma assistência jurídica mais adequada, a DPU no Recife enviou para Fernando de Noronha o defensor público federal Igor Roberto Albuquerque e a assistente social Simone Guerra para avaliar a situação das famílias e colher informações para o processo.