segunda-feira, 29 de abril de 2019

Mulheres encarceradas do Bom Pastor recebem projeto da DPU no Recife


A Defensoria Pública da União (DPU) no Recife realizou nova edição de projeto para tirar dúvidas jurídicas das mulheres em situação de cárcere na Colônia Penal Feminina do Recife (PE), mais conhecida como Bom Pastor. A ação aconteceu na tarde da terça-feira (23) e durou cerca de duas horas. O projeto é uma parceria da área criminal da DPU no Recife e do coletivo Liberta Elas.

A visita começou com a defensora pública federal Tarcila Maia Lopes falando para cerca de 20 mulheres sobre o trabalho da DPU, explicando quais são os procedimentos da área criminal e a diferença de atuação da Defensoria Pública da União e da Defensoria Pública do Estado. Ao final da explanação, as presas puderam tirar suas dúvidas.

"Esses encontros têm sido muito importantes, tanto para a DPU como para as mulheres que estão presas e participam da reunião. É uma oportunidade que elas têm de receber informações sobre os procedimentos legais e de tirar dúvidas, como por exemplo se têm direito à prisão domiciliar. E para a DPU é também muito importante ter projetos em educação em direitos para pessoas em situação tão vulnerável, pois nos coloca frente a frente com a realidade tão dura das pessoas em situação em prisão. Isso certamente fará com que nossa atuação se aprimore", destacou a defensora, que estava acompanhada dos estagiários Gustavo Pires e Ana Luíza Leal.


Segundo Juliana Trevas, representante do Coletivo Liberta Elas, as explanações estão sendo muito positivas. “Tarcila explicou o processo penal em termos gerais de maneira direta, clara e sem usar um discurso esnobe e técnico que muitos operadores do direito utilizam. Explicou com delicadeza e firmeza todas as dúvidas que as mulheres trouxeram sobre seus processos. Muitas se interessaram e confiaram nela”, enfatizou.

O Coletivo Liberta Elas acredita que a participação da DPU nesse projeto é importante, pois gera uma oportunidade de democratizar o direito e possibilita a troca de informações com as mulheres em situação de cárcere. “Além da parte técnica, elas têm a oportunidade de serem escutadas e também desabafarem. Ter alguém do direito, uma autoridade, traz dignidade para as mulheres que se encontram no sistema prisional. Além do mais, Tarcila leva estagiários e contribui para a formação de futuros operadores do direito. Os operadores do direito não podem ficar restritos aos escritórios e aos fóruns e tribunais. Ir ao cárcere e observar as condições e todo o sofrimento são pontos importantes para se ter mais responsabilidade social e se pensar e repensar todo o sistema de justiça criminal e prisional”, finalizou Juliana Trevas.

Ainda sem data fechada, o projeto volta a acontecer no mês de maio com uma novidade. “A ideia é levar, na próxima visita, as informações sobre o andamento processual para elas, ou seja, fazer consultas dos processos das mulheres que tiveram dúvidas”, contou a defensora Tarcila Maia Lopes.

Liberta Elas

O Liberta Elas é um projeto voltado para as mulheres encarceradas de Pernambuco, criado em 2018 após uma ação na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor. A proposta é estabelecer contato com mulheres em situação de cárcere por meio de atividades coletivas e oficinas. “Nosso objetivo é a liberdade de todas as pessoas que se encontram no sistema prisional. Entretanto, até que isso aconteça, buscamos a prática da liberdade por meio da realização de oficinas que proporcionem trocas de afetos, momentos de acolhimento e diálogos entre mulheres. Simultaneamente, buscamos defender os direitos das mulheres que se encontram sob custódia do Estado por meio da advocacia popular”, disse Juliana Trevas.

Até o mês de junho, o coletivo realizará sua segunda grande ação na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor e na Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima. Serão seis encontros com mulheres em situação de cárcere para trabalhar textos de autoras negras em um livreto confeccionado por elas; um cine-debate chamado AfroCINErgia, em parceria com o Coletivo Filhas do Vento; uma oficina de autoestima, cuidado e acolhimento em dois encontros com aulas de tranças, em parceria com o Coletivo Fala Alto, e de turbante; uma oficina de introdução ao processo penal em parceria com a Defensoria Pública da União; uma oficina sobre arte de rua, caligrafia e identidade, em parceria com o Coletivo Pixegirls; além de três rodas de escuta com as mães encarceradas, grávidas e lactantes.

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ACG/MGM
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União