sexta-feira, 29 de março de 2019

DPU no Recife é acionada após retomada de obras no Cais José Estelita


Durante o horário do plantão de sobreaviso, na noite dessa quinta-feira (28), a Defensoria Pública da União (DPU) no Recife foi acionada após a retomada da demolição do Cais José Estelita, na área central da capital pernambucana. O defensor público federal José Henrique Bezerra Fonseca foi ao local tentar minimizar possíveis conflitos entre o Consórcio Novo Recife, a Polícia Militar e os manifestantes que estão acampados na frente da obra.

Após inúmeros problemas, na segunda-feira (25), a Prefeitura do Recife expediu um alvará liberando a demolição de dois armazéns do Cais José Estelita. O movimento social Ocupe Estelita mobilizou seus integrantes e começou a acampar na área. No dia seguinte, a demolição foi suspensa por ordem da Justiça Estadual. A liminar caiu na noite dessa quinta-feira e, com o início do trabalho das máquinas, começaram os protestos por parte dos manifestantes, momento em que a DPU foi acionada.

“Fui pessoalmente e falei com o capitão responsável da Polícia Militar que estava no local e com os representantes do movimento popular. Nosso trabalho foi de mediação do conflito, de forma a evitar qualquer tipo de violência. A polícia também já tinha atuado para minimizar o conflito entre os manifestantes e o consórcio”, destacou o defensor José Henrique. A conversa de todos os envolvidos resultou na paralisação das máquinas após às 21h para retomada das obras na manhã desta sexta-feira (29).

“Tentamos deixar bem claro que não existia ordem de reintegração de posse, que o que caiu foi a decisão de suspensão da demolição. Então, em tese, os populares não devem ser expulsos do local e a polícia estava ali para manter a paz e a integridades de todos os envolvidos”, finalizou. Os defensores Guilherme Ataíde Jordão, chefe da unidade da DPU no Recife, e André Carneiro Leão, defensor regional de Direitos Humanos em Pernambuco, também estiveram no local.

Entenda o caso

O Projeto Novo Recife foi apresentado em 2012 e, desde então, é alvo de críticas, protestos e ações judiciais. Em 2014, a DPU atuou na assistência jurídica de três famílias que moravam na área do Cais José Estelita. Elas foram indenizadas e deixaram o local. As demolições começaram em 21 de maio de 2014 e, no dia seguinte, uma série de manifestantes ocuparam a área para impedir a obra.

A Justiça Federal, então, concedeu liminar proibindo a demolição e eventual construção na área. Os manifestantes continuaram no local até que, em 17 de junho, houve um intenso confronto com a Polícia Militar, devido a uma ordem de reintegração de posse.

Em novembro de 2015, a Justiça Federal anulou a compra do terreno. A decisão foi revertida em 2017. Em março de 2019, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) finalizou o embargo imposto desde 2014 ao projeto, após uma série de exigências serem atendidas, fazendo com que a Prefeitura do Recife expedisse o alvará liberando a demolição de dois armazéns na última segunda-feira.

ACG/MGM
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União