quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Medicamento Soliris é garantido para assistida com doença rara no Recife


M.S.S., de 55 anos, foi diagnosticada com uma doença rara chamada hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) em maio de 2017. Considerando que o único medicamento para tratar a doença é o Eculizumabe, mais conhecido como Soliris, um dos mais caros do mundo, a paciente não conseguiu a medicação por vias administrativas. Em outubro de 2017, ela procurou a Defensoria Pública da União (DPU) no Recife e garantiu parte do tratamento via tutela de urgência. O processo continua em curso, assim como o tratamento da paciente, sendo acompanhado pelo órgão.

A hemoglobinúria paroxística noturna é uma doença genética rara, decorrente de anemia hemolítica crônica adquirida. Apresenta-se frequentemente com degradação dos glóbulos vermelhos, infecções recorrentes, neutropenia e trombofilia adquirida, sendo a trombose venosa sua principal causa de mortalidade. O Eculizumabe foi designado como medicamento utilizado para o tratamento da HPN em 17 de outubro de 2003. Os médicos que acompanham M.S.S. indicaram a medicação para uso contínuo e por tempo indeterminado.

A judicialização da ação coincidiu com a época de registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como durante o processo de criação da petição inicial a agência não tinha listado o preço do Soliris, pois ainda não havia registro na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a DPU pesquisou valores de fornecedores externos. Na época, foi encontrado um fornecedor que apresentou o valor do tratamento para o período de um ano, cerca de 80 ampolas, chegando a US$ 400 mil, aproximadamente R$ 1,2 milhões.

O registro da Anvisa ocorreu no dia 18 de outubro de 2017. Após essa data, o medicamento Soliris, que antes vinha sendo comercializado no mercado brasileiro apenas via judicialização, passou a poder ser vendido para o Governo Federal. Segundo a Anvisa, a definição de preço pela CMED é um procedimento comum a todos os medicamentos após obtenção do registro sanitário no órgão. Os preços permitidos são publicados em lista, que pode ser acessada no portal da Anvisa, com atualização mensal. Atualmente, o Soliris consta na lista com valores que vão de R$17.219,21 a R$22.202,29 o frasco.

Considerando o alto custo do tratamento, a Justiça Federal solicitou diferentes diligências para comprovar a necessidade do medicamento, como laudos específicos assinados por diferentes médicos. Em novembro de 2017, a Justiça concedeu a tutela de urgência para a assistida. O que podia ser o fim do sofrimento, foi apenas o início da luta, pois não houve cumprimento imediato da tutela, além de haver problemas no faturamento do medicamento e na indicação de responsáveis para receber, condicionar e administrar a dosagem após bloqueio da verba e compra do Soliris. Enquanto as questões burocráticas se resolviam, a situação de saúde de M.S.S. se agrava.

Oito frascos do Soliris foram enviados à Fundação Hemope em abril de 2018, quantidade que seria utilizada apenas em um mês, no considerado período de indução. A manutenção dos 11 meses seguintes precisaria de 81 frascos. Como os demais não foram entregues, a assistida continuou sem acesso à medicação, pois não havia o suficiente para a continuidade do tratamento. Em junho houve uma nova remessa, garantindo manutenção das aplicações até outubro e o tratamento pôde ser iniciado.

Os frascos foram chegando aos poucos, sempre na iminência do tratamento ser suspenso. Em outubro de 2018, a Justiça Federal determinou o bloqueio de verba para a compra de mais 16 frascos do Solaris. Atualmente, M.S.S. continua em tratamento, utilizando os frascos que já chegaram no Hemope, e a Defensoria Pública da União no Recife segue atuando no processo para garantir que todas as aplicações sejam realizadas.

ACAG
Assessoria de Comunicação Social
Defensoria Pública da União