quarta-feira, 16 de setembro de 2015

GT Indígenas recebe denúncia de abuso de álcool e drogas em aldeias de Pernambuco


O Grupo de Trabalho de Atendimento às Comunidades Indígenas (GT Indígenas) recebeu, na sexta-feira (11), denúncia sobre graves irregularidades constatadas em aldeias de Pernambuco pelo Distrito Sanitário Especial Indígena de Pernambuco (DSEI-PE), da Secretaria Especial de Saúde Indígena, vinculada ao Ministério da Saúde. 

O defensor público federal Francisco de Assis Nascimento Nóbrega, presidente do GT Indígenas, participou de uma reunião na sede da DSEI-PE em que os integrantes do distrito sanitário denunciaram o uso e comércio de álcool e outras drogas, falta de alimentos para as crianças, aumento da violência e prostituição nas aldeias de Pernambuco.

“A situação vem se agravando, principalmente na Aldeia Caldeirão, da etnia Pankararu. Estamos buscando caminhos para resolver e construir políticas para diminuir a situação. Já tentamos contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai)”, disse Antônio Fernando da Silva, coordenador do DSEI-PE.

Nóbrega ouviu os especialistas do distrito sanitário sobre as irregularidades relatadas e disse que os integrantes do GT Indígenas já estão cientes da situação para atuar na minoração dos problemas. “Temos que buscar soluções. Fazer valer o Estatuto do Índio, que proíbe o uso e comercialização de bebidas alcoólicas e provocar a Justiça para a presença de alguma política pública necessária”, explicou o defensor.

Pankararu

De acordo com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cerca de 5.200 índios Pankararu ou Pankaru, vivem numa área de 8.100 hectares no município de Tacaratu, em reserva indígena localizada entre a sede do município e a cidade de Petrolândia, nas margens do rio São Francisco, em Pernambuco.

Os Pankararu fazem parte do grupo mais amplo de “índios do sertão” ou Tapuia, caracterizados historicamente por oposição aos Tupis da costa e ao Jê dos cerrados a oeste. Muito pouco estudados etnográfica e linguisticamente, pode-se apenas inferir sobre seus movimentos pré-coloniais, quando aparentemente foram expulsos do litoral pela expansão no sentido norte/sul dos Tupis e, encontrando resistência para o avanço a oeste, pela presença do Jê, se estabeleceram no submédio São Francisco.