Fonte: Internet
Uma criança de oito anos com deficiência cognitiva surpreendeu três profissionais que atuam no setor de atendimento da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife com cartas de agradecimento após finalização do processo judicial no qual era parte autora. A mãe de V.J.L.N. procurou o órgão para tentar garantir um benefício de prestação continuada (BPC-Loas) para o filho após negativa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A DPU acionou a Justiça Federal e
garantiu a implantação do benefício assistencial para a criança, bem
como o pagamento dos valores atrasados. Após trânsito em julgado da ação
e recebimento dos valores acumulados, V.J.L.N. e sua mãe entregaram
cartas para três profissionais que trabalham no Setor de Atendimento da
DPU no Recife: o terceirizado Danilo Filizola e as servidoras Tereza
Pessoa e Eliete Nobre. “Obrigada por tudo que você fez por nós, sempre
nos ajudando, tendo paciência e sempre com um sorriso no rosto”, dizia
uma das cartas.
“Eles chegaram nesse dia e nos chamaram
para receber as cartas. Lembro que, na minha, eles agradeciam pela forma
carinhosa que eu sempre tratava a criança”, lembrou Danilo Filizola.
Eliete Nobre disse que ficou muito emocionada com a demonstração de
agradecimento. “A minha carta era grande, mas uma coisa que chamou a
atenção de todos foi eles dizerem que, graças ao atendimento da DPU,
eles agora tinham comida na mesa. A mãe não acreditou quando eu dei a
notícia do valor do RPV [requisição de pequeno valor] para ela”,
relembra Eliete.
Para os servidores, a retribuição dos
assistidos demonstra a importância de se prestar um atendimento não
apenas eficiente, como também atencioso. ”Normalmente, as pessoas chegam
aqui muito desestimuladas. É nosso papel tentar trazer um pouco de
conforto para elas. Foi gratificante ver a felicidade dele e da mãe
nesse dia. Eles chegaram no atendimento beijando e abraçando todo mundo.
Quando lembro das cartas, sempre me emociono”, afirmou Tereza Pessoa.
Entenda o caso
V.J.L.N. mora com o pai, a mãe e três
irmãos em uma casa simples no bairro Curado 4, em Jaboatão dos
Guararapes, cidade vizinha à Recife. Apenas o pai trabalha. A mãe não
pode trabalhar por não ter com quem deixar os filhos, principalmente
V.J.L.N., que tem deficiência cognitiva e déficit de autonomia para a
idade, precisando de atenção constante. A família procurou INSS
requisitando o BPC-Loas para pessoas deficientes por duas vezes, mas os
pedidos foram negados.
A mãe de V.J.L.N. procurou a DPU em maio
de 2014. Os pareceres dos setores de perícia médica, assinado pela
médica Raíssa Correia, e da assistência social, assinado pela assistente
social Simone Guerra e pela socióloga Wanessa Gonzaga, todas servidoras
da unidade, subsidiaram o defensor Emerson dos Santos Júnior na
elaboração da ação judicial visando à concessão do benefício.
“Além de já ter tentado por diversas
vezes atos violentos contra seus próprios irmãos, o demandante tentou se
suicidar duas vezes. Ele faz uso de medicamentos e acompanhamento
psiquiátrico. Não há dúvidas acerca das dificuldades vivenciadas pelo
demandante, assim como sua incapacidade para o trabalho e, de maneira
geral, para a vida em sociedade”, destacou o defensor Emerson Santos na
petição inicial.
Com base no pedido da Defensoria, a
Justiça Federal solicitou novas perícias, que foram realizadas em
setembro e novembro de 2014. A sentença foi emitida em fevereiro de
2015, requerendo a implantação do benefício assistencial com efeitos a
partir da primeira solicitação feita ao INSS e pagamento das prestações
vencidas. O BPC-Loas foi implantado no mês seguinte, março, e a
requisição de pequeno valor - o valor de R$ 14.300,90 - foi liberada em
junho.