Foto: MPF/PA
A
Defensoria Pública da União (DPU) vai designar seis defensores públicos
federais para atuarem na região da bacia do rio Xingu, nas proximidades
da cidade de Altamira, sudoeste do Pará. O objetivo é prestar assistência
jurídica aos moradores que serão atingidos pelo deslocamento compulsório
promovido para instalação do reservatório de água da Usina Hidrelétrica de Belo
Monte, que alagará a área. O tempo de duração e a data de início da ação
itinerante estão em discussão no órgão. A atividade integra o programa Eu Tenho
Direito.
A
DPU manifesta preocupação com as denúncias de que cerca de nove mil famílias,
600 delas indígenas, estão sendo prejudicadas no processo de realocação de suas
moradias. “Existe uma condicionante para a instalação do reservatório que é a
realocação, com uma indenização ou uma moradia. No entanto, ouvimos depoimentos
de que, na prática, a construtora está impondo uma indenização em valor baixo”,
explica o defensor público federal Francisco Nóbrega, que atua no grupo de
trabalho de atendimento às comunidades indígenas da DPU.
Nóbrega
participou de audiência pública realizada pelo Ministério Público Federal no
Pará (MPF/PA) em Altamira, na quarta-feira (12), para ouvir os moradores que
são atingidos pela obra. Estavam presentes ao encontro representantes da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai), Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Pesca e Aquicultura
(MPA) e Prefeitura de Altamira. Segundo o MPF/PA, a presença do Estado
brasileiro em Altamira tem sido marcada pela parcialidade, com foco excessivo
no cronograma e na rapidez da obra, deixando de atuar na garantia dos direitos
da população impactada.
Programa
Eu Tenho Direito
A
ação itinerante do programa Eu Tenho Direito, promovido pela DPU, tem o
objetivo de aproximar a instituição de seu público-alvo: a população brasileira
com renda familiar de até três salários mínimos. A iniciativa já atendeu este
ano os municípios de Aruanã, Ceres e Águas Lindas, em Goiás; Picos, no Piauí;
Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Telêmaco Borba, Terra Roxa, Ibaiti, Arapongas e
Santa Helena, no Paraná; Brusque, Itajaí, Chapecó, Concórdia, Joaçaba, São
Miguel do Oeste, Arananguá, Tubarão, Laguna, Lages, Mafra, Jaraguá do Sul e São
Francisco do Sul, em Santa Catarina; Camaquã, no Rio Grande do Sul; Feijó, no
Acre; Distrito de Extrema e Baixo Madeira, em Rondônia.
Reservatório
da Usina
O
projeto da hidrelétrica prevê a construção de uma barragem principal no Rio
Xingu, localizada a cerca de 40 quilômetros abaixo da cidade de Altamira, que
formará o reservatório principal da usina, com 503 quilômetros quadrados. De
acordo com a Norte Energia S.A., a Usina Belo Monte levará desenvolvimento à
região de Altamira e aos municípios vizinhos, além de propiciar a melhoria das
condições de vida de cerca de cinco mil famílias que residem em palafitas. A
empreiteira também afirma que a região receberá uma compensação financeira
anual de R$ 88 milhões. A concessão para a construção da hidrelétrica, no
município de Vitória do Xingu, foi objeto de leilão realizado no dia 20 de
abril de 2010. A outorga coube à Norte Energia S.A. por um prazo de 35 anos.