sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Diário de Pernambuco - 16/08/2013



Entrevista

"Eles me enganaram", diz dona de papagaio que morreu dentro do Imaba

"Uma veterinária do Ibama me falou: ´Trabalho para tratar dos animais, não tenho amor porque não se ama animal, se toma conta"

Publicação: 16/08/2013

A dona de casa Gedália Ferreira, 53 anos, vive um pesadelo desde quinta-feira (15), quando foi informada pelo Ibama que seu papagaio, Meu Lourinho, está morto desde 10 de julho. Acreditando que a ave estivesse viva, ela foi à sede do instituto, em Casa Forte, recebê-la de volta após ganhar uma ação judicial contra o órgão. Meu Lourinho tinha sido confiscado da casa da dona em 14 de março, devido a denúncias de maus-tratos. Vitoriosa na Justiça, Gedália não foi informada sobre o óbito do animal. Quando soube, chegou a desmaiar. A proprietária da ave, que agora pensa em processar o Ibama - cuja ação será investigada pelo Ministério Público Federal - deu entrevista ao Diario de Pernambuco ressaltando a dor e a revolta pela morte de Meu Lourinho e a omissão do órgão ambiental.


Qual foi a justificativa que o Ibama deu para a senhora?

Disseram que ele morreu de maus-tratos, que eu mutilei ele, mas não é verdade. O problema na pata é de nascença. Quando eu o peguei para cuidar ele já tinha isso. Como um animal chega a essa idade sendo maltratado? Ele morreu porque tiraram ele de mim.

A senhora acha que ele morreu de depressão?
Sim. Ele adoeceu porque separaram ele de mim. Algumas pessoas aqui (Ibama) me contaram que ele ficava me chamando, sentindo falta do meu carinho. Eles (Ibama) não têm amor. Dizem que amam os animais, mas não é verdade. Uma veterinária do Ibama falou: “Trabalho para tratar dos animais, não tenho amor porque não se ama animal, se toma conta”. Eu guardei bem dentro de mim essa frase. Se eles tivessem amor, teriam me devolvido o meu louro e ele não teria morrido.

Na sua opinião, por que o Ibama não lhe comunicou antes?
Não sei. Eles tinham meu número, meu endereço e não me ligaram. Só fiquei sabendo agora que a defensora pública veio comigo. Eu estava estranhando porque quando eu vinha eles botavam muita barreira. Nunca me deixaram vê-lo. Eles me enganaram. Não davam a mínima.

Com que sentimento a senhora vai voltar para casa após essa notícia?
Volto triste porque eu perdi a coisa mais linda que eu tinha. Meu Lourinho alegrava minha casa, me acordava, me chamava de vovó. Eu dizia “eu te amo” e ele respondia “haha vovó”. Ele me amava e era bem tratado. Vai ser muito difícil ficar sem ele. Meu filho também vai sentir muita falta dele porque ele era muito amado em casa. (RS)