Justiça »Papagaio que era
abrigado pelo Ibama morreu na sede do órgão
Ordem judicial determinou a devolução da ave, mas animal
morreu em junho. Dona do animal chegou a desmaiar ao receber a notícia
Publicação: 15/08/2013 11:23Atualização: 15/08/2013 16:55
O papagaio
Meu Lourinho, apreendido na Bomba do Hemetério em março deste ano pela
Companhia Independente do Policiamento e do Meio Ambiente (Cipoma) e levado
para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), está morto desde 10 de julho passado. A notícia pegou de surpresa a
defensora pública federal Marina Lago, que esteve nesta quinta-feira sede do
Ibama, em Casa Forte, acompanhada da dona da ave, Gedália Valentim Ferreira, 53
anos, para buscá-lo, em cumprimento a ordem emitida pela Justiça Federal de
Pernambuco. Gedália, que entrou em depressão por conta da falta do animal,
chegou a desmaiar ao saber da notícia. O Ibama não deu detalhaes sobre a morte
de Meu Lourinho.Na terça-feira passada, a Justiça Federal emitiu ofício encaminhando ao instituto a ordem, em caráter liminar, assinada pelo juiz federal da 2ª Vara Federal em Pernambuco Francisco Alves dos Santos Júnior determinando a devolução imediata da ave para a dona de casa. No início da manhã desta quinta-feira, a assessoria de Comunicação Social do Ibama informou, por meio de telefone, que o órgão não havia recebido o ofício da Justiça Federal. Depois, alegou que o papagaio não seria entregue a Gedália porque seria reintroduzido na natureza.
Em seguida, Gedália e a defensora pública chegaram ao Ibama e souberam da morte do papagaio. A assessoria de Comunicação Social do Ibama informou que o órgão se pronunciaria por meio de nota, mas até o momento nenhum comunicado oficial foi enviado. A reportagem do Diario entrou em contato com o órgão, que adimitiu a morte do animal.
ÚNICO COMPANHEIRO - A história do papagaio e de dona Gedália teve início quando ela encontrou a ave com uma garra quebrada no quintal da residência de seu irmão, em 2004, no bairro de Pau Ferro, Região Noroeste da Capital. A paixão pelo bichinho foi imediata. Desde então, Gedália levou o papagaio para casa, na Bomba do Hemetério, até que, em março deste ano, uma fiscalização do Ibama o apreendeu, alegando maus-tratos. Por conta da retirada do animal - sua única companhia em casa por nove anos -, Gedália entrou em depressão. Em junho, ela resolveu procurar a Defensoria Pública para dar entrada com uma ação.
Na sexta-feira da semana passada, o juiz federal Francisco Alves dos Santos Júnior, em seu despacho, determinou que o papagaio fosse restituído em caráter provisório à Gedália até a sentença definitiva. "Na prática, é um período de avaliação”, disse o juiz, avaliando que essa era a melhor solução para Gedália e o papagaio. "O animal também estava com depressão", afirmou o juiz, acrescentando que desde a apreensão, após ser levado para o Ibama, a ave deixou de falar e ficava muito quieta.
Confira nota enviada pelo Ibama no início desta tarde:
NOTA IBAMA - O IBAMA, ainda, não foi oficialmente notificado pela justiça quanto a devolução da ave, mas esclarece: O papagaio veio do tráfico de animais e foi apreendido pelo Polícia Ambiental do Estado. Os psitacídeos, assim como toda fauna silvestre apresentam importantes funções biológicas na natureza que são inibidas quando em cativeiro. O laudo clínico veterinário aponta deficiência nutricional ocorrida no cativeiro doméstico, fratura antiga na tíbia esquerda, corte das rêmiges primárias, que o enquadram como mutilado. Segundo declarações da infratora, ele era alimentado com macarrão e outros alimentos indicados para humanos.
A desnutrição em cativeiro foi o fator relacionado a infecção bacteriana, QUE OCASIONOU O OBITO DO ANIMAL. O Ibama cumpre as disposições legais e em Pernambuco tem realizado um trabalho amplo de solturas de animais como o Projeto Papagaio da Caatinga. São 160 papagaios em fase final de reabilitação, com previsão de devolução à natureza entre setembro e dezembro, 84 estão no Centro de Triagens (CETAS), 120 papagaios já foram reabilitados e estão prontos para serem soltos e 94 foram soltos em seu habitat natural no município de Exu nas duas fases iniciais do projeto.