terça-feira, 17 de setembro de 2019

DRDH/PE apoia etapa da Copa dos Refugiados e Imigrantes no Recife


A etapa do Recife da Copa dos Refugiados e Imigrantes de 2019 foi realizada, nesse domingo (15), com o apoio da Defensoria Regional de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife. Participaram dos jogos disputados na Arena de Pernambuco 80 atletas de nove nacionalidades que, em uma competição amistosa, visaram à integração e ao acolhimento. A seleção de Cabo Verde foi a vencedora e se classificou para a etapa final que acontece no Estádio do Maracanã (RJ), em novembro.

De acordo com o defensor regional de Direitos Humanos em Pernambuco (DRDH/PE), que atua na DPU no Recife, André Carneiro Leão, “o evento foi muito além do futebol. Foi um espaço de integração e de confraternização de pessoas com histórias de vida diversas, unidas pela linguagem da bola. Fiquei particularmente entusiasmado com esse projeto e espero que ele se perpetue e se desdobe em iniciativas semelhantes”.

Quatro seleções jogaram nessa etapa: Senegal, Cabo Verde, Angola e Venezuela. No entanto, apenas Venezuela e Senegal eram compostas apenas por nativos. As outras duas receberam imigrantes e refugiados de outras cinco nações: Haiti, Guiné Bissau, Colômbia, Israel e Benin.

O jogador venezuelano Richard Martinez, de 35 anos, está há um ano e seis meses no Brasil após a entrada por Pacaraima (RR). Ele vive com a esposa e dois filhos há pouco mais de um ano em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, onde trabalha em uma fábrica de papel. “Estou me sentindo bem recebido, temos tido o bom acolhimento no Brasil. Hoje, no jogo, não ganhamos, mas importante que competimos”, declarou.

O angolano José Bernardo, professor que reside no Brasil há mais de 20 anos, afirmou que o evento era uma iniciativa muito boa, que promovia a união familiar entre os africanos e outros povos no Recife. E ressaltou o clima de acolhimento que vive no país. “No Brasil, eu me sinto em casa”.

Jogos – O primeiro jogo foi entre os times de Senegal e de Angola, que ficaram no 0 a 0 durante o tempo normal e Senegal levou a melhor nos pênaltis (5 a 4). A segunda partida foi das equipes da Venezuela e do Cabo Verde. A seleção africana superou os sul-americanos por 2 a 0.

Na final, o time de Cabo Verde repetiu a placar de 2 a 0 contra Senegal e garantiu a vaga na disputa final, no Estádio do Maracanã (RJ), em novembro. Os outros representantes regionais serão conhecidos nos jogos de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.

Copa – De acordo com a organização do evento, a Copa dos Refugiados e Imigrantes 2019 deve reunir 1.120 atletas amadores de 39 nacionalidades em todo o país. Nos outros estados, além de seleções das mesmas quatro nacionalidades presentes no torneio no Recife, há ainda equipes do Haiti, Colômbia, Guiné, Congo, Gana e Paquistão, entre outros.

O tema da competição é “reserve um minuto para ouvir uma pessoa que deixou o seu país”. O evento é promovido pela organização não governamental África de Coração e conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Os organizadores acreditam que a competição ajuda a reduzir preconceitos como o racismo e a xenofobia, sofridos pelos imigrantes.

Abertura – A cerimônia de abertura da Etapa Recife da Copa de Refugiados e Imigrantes de 2019 aconteceu na manhã de sexta-feira (13), no salão nobre da Federação Pernambucana de Futebol (FPF). A DPU no Recife estava representada pelo defensor regional de Direitos Humanos em Pernambuco, André Carneiro Leão, que participou da comissão de organização local.

Também estavam presentes os representantes da organização não governamental África do Coração, responsáveis nacionais da Copa, Jean Katumba e Abdulbaset Jarour; representantes da ONG Grupo de Embaixadores para o Desenvolvimento (Gade), responsáveis locais da Copa, Jean Baptiste, Marcela Alcoforado e André Costa; e demais participantes da comissão local de organização, junto com a DPU: Altino Mulungu, gestor do Escritório de Assistência à Cidadania Africana em Pernambuco (Eacape); Joelson Rodrigues, secretário executivo de Assistência Social da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), representando o Governo do Estado de Pernambuco; Evaldo Mendes, superintendente executivo da Federação Pernambucana de Futebol (FPF); e Marco Aurélio Farias da Silva, representando o Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Palestra – A questão dos refugiados e imigrantes em um mundo sem fronteiras foi tema da apresentação do defensor regional de Direitos Humanos em Pernambuco, André Carneiro Leão, no ciclo de palestras promovido, na tarde da sexta-feira (13), no auditório do Laboratório Integrado de Tecnologia em Petróleo, Gás e Biocombustíveis (LITPEG), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pela Copa de Refugiados e Imigrantes de 2019.

Leão abordou os valores constitucionais brasileiros, como a necessidade de cooperação entre os povos no aspecto migratório. No entanto, Leão ressaltou que, historicamente, nossa política migratória é declaradamente racista. O defensor afirmou que a solidariedade internacional é um dever constitucional e a Constituição Brasileira, inclusive, determina que seja concedido o refúgio. “No Brasil, não existe a situação de ilegal para o imigrante”, ressaltou.

https://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/53067-drdh-pe-apoia-etapa-da-copa-dos-refugiados-e-imigrantes-no-recife