sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

DPU faz seminário no Recife para discutir saúde com movimentos sociais


O Seminário de Direitos Humanos e Movimentos Sociais da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife com o movimento Zoada, da Faculdade de Direito do Recife, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), começou hoje (09), no local de atendimento, com o tema de direito à saúde. O encontro teve a participação dos especialistas e militantes dos direitos humanos Josineide de Meneses, da ONG Gestos, que falou sobre soropositividade e gênero; Dandara Luísa Alves, que tratou da saúde da pessoa transexual; e a professora Valdenice Raimundo, que discutiu a saúde da mulher negra.
O defensor público federal André Carneiro, chefe da unidade da DPU no Recife, disse que o evento era um momento importante para a Defensoria e que o objetivo é abrir um diálogo com os movimentos sociais para planejar as atividades em 2016. “É um momento, sobretudo, de aprendizado, e para nos despirmos de nossos preconceitos, ouvindo o que os destinatários de nossos serviços têm a nos dizer. A proposta é, a um só tempo, abrir nos para os movimentos sociais para um diálogo e para construir coletivamente uma agenda”, disse Carneiro.

Josineide Meneses, coordenadora de Programa da Gestos, organização não governamental (ONG) que atua nas questões da soropositividade, do gênero e da comunicação, tratou do tema com a perspectiva do feminismo, considerando a existência de uma profunda desigualdade entre os gêneros. Ela falou, por exemplo, como as mulheres são mais vulneráveis à infecção pelo vírus HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana), principalmente as que estão em situação de violência. “Como é que essas mulheres vão ter força para negociar com o esse homem o uso de preservativo?”, questionou.

Dandara Luísa Alves, estudante de psicologia e ativista da questão transexual, disse que a saúde da pessoa trans é baseada na exclusão e que o preconceito começa quando o Sistema Único de Saúde (SUS) lida com a questão como uma patologia com diagnóstico psiquiátrico. “As pessoas que se enquadram no avesso da norma [travesti e transexuais] experimentam uma série de violências cotidianas. É uma agressão ser tratada como doença uma questão de identidade de gênero”, alertou Dandara.

A saúde da mulher negra foi abordada por Valdenice Raimundo, doutora em Serviço Social e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ela ressaltou que não se pode dizer que o Brasil não seja um país racista e que se deve perceber como o racismo não é bom para as relações humanas. Valdenice destacou o racismo institucional como prejudicial para o atendimento de saúde da mulher negra. “O atendimento para a mulher negra é diferenciado. Podemos citar a questão de ser dada menos anestesia por considerarem que a mulher negra é mais resistente ou o hábito de se esterilizar as mulheres negras e pobres”, exemplificou.



http://www.dpu.gov.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/29178-dpu-faz-seminario-no-recife-para-discutir-saude-com-movimentos-sociais