quarta-feira, 22 de abril de 2020

Rua: lugar de direitos

Noite de chuva fina no Rio de Janeiro. Uma van circula nas ruas apertadas do Centro da cidade. O carro estaciona. O grupo de mulheres e homens que estava no automóvel agora anda pelas calçadas. Pouca luz. Ao fundo, os Arcos da Lapa. Essas são as primeiras imagens do minidocumentário “Rua: lugar de direitos”, lançado pela Defensoria Pública da União (DPU) nesta quarta-feira (22). 

Exatos 520 anos após o descobrimento, o Estado brasileiro ainda não descobriu as pessoas em situação de rua. Quantas são? Onde estão? São mais homens ou mulheres? Qual é a média de idade? Desde 2018, a DPU aguarda decisão definitiva sobre ação civil pública (ACP) ajuizada com o pedido de inclusão dessa população no Censo. A Defensoria Pública da União quer que sejam contados todos os brasileiros, para que seja possível responder essas perguntas elementares e para que possam ser elaboradas políticas públicas que “levem em conta” as peculiaridades dessas cidadãs e desses cidadãos. 

O minidoc “Rua: lugar de direitos” fala da questão fundamental da inclusão da população em situação de rua no Censo, mas não para nela. Apesar de curto, com 4:50 minutos, o vídeo roda milhares de quilômetros. Mostra a Ronda de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, projeto vencedor do Prêmio Innovare em 2018. Apresenta a parceria da DPU com o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), em São Paulo. Grava uma noite de Ronda de Direitos Humanos pelo Recife Antigo. Acompanha a Marcha Nacional da População em Situação de Rua, em Brasília. 

Em “Rua: lugar de direitos”, não há atores. Foram entrevistadas pessoas de carne e osso, com a sabedoria típica daqueles que enfrentaram grandes dificuldades na vida. É o caso do motorista Sérgio José da Silva. “Eu estou há seis meses na rua. [...] Vim para tratar do meu Fundo de Garantia. Estou nesse processo, tudo através de vocês. Só tenho a agradecer”.