terça-feira, 7 de março de 2017

Representantes de religiões de matriz africana procuram a DPU no Recife

 

Oito pessoas, entre representantes de diferentes terreiros da Região Metropolitana do Recife (RMR) e da sociedade civil, procuraram a Defensoria Pública da União (DPU) no Recife, na manhã da última sexta-feira (3), para pedir apoio do órgão em uma ação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e a realização de uma audiência pública com o objetivo de debater a necessidade do sacrifício de animais nos cultos religiosos. A discussão tem como base a alteração do Código de Proteção aos Animais do Rio Grande do Sul, Lei 11.915/2003.

A Lei11.915 foi instituída em 2003 e alterada em 2004. O debate está condicionado ao artigo 2° dessa lei, que estabelece vedações de atos contra os animais. A Lei 12.131, de 2004, acrescentou um parágrafo único ao artigo, que diz: “Não se enquadra nessa vedação o livre exercício dos cultos e liturgias das religiões de matriz africana”.

Na mesma data dessa alteração, foi criado o Decreto 43.252 informando que o acréscimo do parágrafo único deve ser observado seguindo o disposto a seguir: “Para o exercício de cultos religiosos, cuja liturgia provém de religiões de matriz africana, somente poderão ser utilizados animais destinados à alimentação humana, sem utilização de recursos de crueldade para a sua morte.”

O assunto virou matéria do Recurso Extraordinário (RE) 494601 para o Supremo Tribunal Federal, interposto pelo Ministério Público no Rio Grande do Sul contra a decisão do Tribunal de Justiça daquele Estado que declarou constitucionalidade na alteração do Código de Proteção aos Animais.

“O que é o sacrifício para os cristãos e o que é o sacrifício para nós? Não pensamos de forma igual. A justiça precisa entender a nossa posição. Precisamos expressar nossos conhecimentos para a população e possibilitar o conhecimento das pessoas sobre esse segmento da sociedade do qual eu faço parte”, destacou Vera Baroni, que é Iyabassé do Ilê Obá Aganjú Okoloyá, conhecido como Terreiro de Mãe Amara.

Vera Baroni foi recebida pelo defensor público chefe da DPU no Recife, Igor Roberto de Albuquerque Roque. Ela estava acompanhada de Pai Edson de Omolu, Clarissa Viana e Pamela Santana (Tenda de Umbanda e Caridade Caboclo Flecheiro); Lucas Ryman, Ciani Neves e Jacqueline Alves (Terreiro Ilê Axé Orixalá Talabí – Axé Talabi); além de Ângela Borges, advogada e representante de um movimento de mulheres negras chamado Cabelaço.

“É muito importante discutir esses temas com a sociedade. Vamos analisar como a DPU pode ajudar nesse processo com o STF e fica aqui o meu compromisso em tentar articular essa audiência pública aqui no Recife”, finalizou o defensor Igor Roque.

http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/35993-representantes-de-religioes-de-matriz-africana-procuram-a-dpu-no-recife