quinta-feira, 20 de abril de 2017

DPU participa de audiência sobre intolerância aos cultos de matriz africana


A Defensoria Pública da União no Recife foi convidada pelo Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) para compor a mesa de uma audiência pública sobre enfrentamento à intolerância religiosa em relação aos cultos de matriz africana. O evento aconteceu na manhã dessa terça-feira (18), no Centro Cultural Rossini Alves Couto, localizado no bairro da Boa Vista, centro da capital pernambucana.

Estiveram presentes no evento os dois defensores públicos federais que compõem a chefia da DPU no Recife desde o dia 3 de abril: Pedro de Paula Lopes Almeida, defensor chefe da unidade, e Geraldo Vilar Correia Lima Filho, defensor chefe-substituto que atuará também como defensor regional de direitos humanos na capital pernambucana.


Compondo a mesa de abertura da audiência pública, além do defensor Geraldo Vilar Correia Lima Filho, estava Francisco Dirceu Barros, procurador-geral de Justiça; Maria Bernadete Azevedo, procuradora e coordenadora do grupo de trabalho sobre racismo do MPPE; Luiz Sávio, promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal; Silvio José Menezes Tavares, procurador e diretor da Escola Superior do MPPE; Ivana Botelho, vice-presidente da Associação do MPPE; Alfredo Falcão, procurador federal; Tereza Leitão, deputada estadual; Edilson Silva, deputado estadual; Lucia Helena, capitã e representante do grupo de trabalho sobre racismo da Polícia Militar de Pernambuco; Miranete Arruda, médica e coordenadora estadual de Atenção à Saúde da População Negra; e Vera Baroni, que é Iyabassé do Ilê Obá Aganjú Okoloyá ou Terreiro de Mãe Amara.

O procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros, abriu a audiência pública destacando que um dos objetivos desse encontro era a luta por uma sociedade livre, igualitária e fraterna. Cada integrante da mesa teve três minutos de fala. 

Para a representante das religiões de matriz africana, Vera Baroni, é preciso abrir um diálogo amplo sobre o tema. “Somos cidadãos e precisamos defender nossos interesses. Não podemos mais aceitar que sejamos considerados como uma segunda classe na sociedade. Temos princípios e estamos representando milhares de brasileiros que sentem seus direitos fundamentais violados. Precisamos dialogar para garantir nossos direitos e fazer com que sejamos respeitados”, afirmou Vera Baroni, que complementou. “Não estamos aqui hierarquizando as crenças, estamos aqui pedindo respeito.”



O defensor público federal Geraldo Vilar Correia Lima Filho apresentou a DPU e destacou como o órgão pode ajudar a população vulnerável em questão. “A nossa atuação só tem sentido no contato direto com a sociedade. Recentemente criamos um ofício de Direitos Humanos com o objetivo de articular esse contato, de servir como mais um instrumento de atuação”, disse o defensor, lembrando que a DPU no Recife foi procurada por representantes de diferentes terreiros da Região Metropolitana do Recife (RMR) no início de março para debater o tema e pedir que a DPU atue como amicus curiae, ou amigo da corte, na matéria do Recurso Extraordinário (RE) 494601, que está no Supremo Tribunal Federal. A ação tem como base a alteração do Código de Proteção aos Animais do Rio Grande do Sul, Lei 11.915/2003.

Além da mesa de abertura, a audiência pública contou com o lançamento de um livro sobre a proteção legal dos terreiros de candomblé, duas palestras e falas do público inscrito.