terça-feira, 4 de abril de 2017

Comunidade quilombola Onze Negras é visitada pela DPU no Recife



Dois representantes da Defensoria Pública da União (DPU) no Recife visitaram, no dia 30 de março, o Quilombo Onze Negras, localizado no Cabo de Santo Agostinho, município ao sul da Região Metropolitana do Recife. Com o objetivo de conhecer a comunidade, seus problemas e necessidades, a ideia da visita surgiu após a participação de representantes do quilombo no seminário DPU e Movimentos Sociais, no início de março.

A defensora pública federal chefe-substituta da DPU no Recife, Tarcila Maia Lopes, e o servidor Rafael Filipe foram recebidos na comunidade por uma das onze negras, como sugere o nome do quilombo, Maria José de Fátima da Silva Barros, líder comunitária, coordenadora da Comissão de Quilombos de Pernambuco e presidenta da Associação dos Moradores, Pequenos Produtores Rurais e Quilombola Onze Negras do Engenho Trapiche (AMPRUQUION). Na ocasião, também estavam presentes Maria do Céu, chefe da representação do Ministério da Cultura no Nordeste, e Maria das Dores Leal, do projeto Quilombos de Pernambuco.

Os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer a creche e o centro cultural, bem como andar pelas ruas do quilombo e entender a extensão da comunidade, que tem cerca de 10 hectares divididos em três lotes. Após a caminhada, o grupo se reuniu com outras integrantes dos Onze Negras e convidados, entre eles Maria Antônia dos Santos, da comunidade Poço Dantas em Inajá, e Geisiane Paula Pacheco da Silva, do Engenho Siqueira em Rio Formoso.

Com três das onze negras representantes do quilombo presentes - Maria José de Fátima (58), Adelina Ramos (71) e Maria José de Santana (61), os visitantes puderam escutar as histórias de construção e solidificação da comunidade. ”Se nós mulheres não tivéssemos nos unido e corrido atrás, estaríamos como antes, sem nada. No começo muitos homens não aceitavam nem a liderança feminina na comunidade nem se diziam de quilombo, mas hoje eles abraçam a causa”, destacou Maria José de Fátima.


A defensora Tarcila Maia explicou a atuação da Defensoria Pública da União e como o órgão vem atuando em favor das comunidades tradicionais, buscando o bem-estar e o progresso social e econômico dessas comunidades. “Temos nos preocupado muito com um olhar coletivo para a sociedade. Reconhecendo alguns setores mais vulneráveis, criamos grupos de trabalho voltados para áreas específicas, entre eles os quilombos. Nossa visita hoje é mais com a intenção de conhecer a comunidade e pensar em possíveis demandas coletivas” , afirmou a defensora.


Quilombo Onze Negras

A comunidade Onze Negras fica situada a 35 quilômetros do Recife, no município de Cabo de Santo Agostinho, nas terras do Engenho Trapiche. O início aconteceu em meados de 1940, com a formação de uma pequena comunidade composta por negros remanescentes da escravidão no munícipio. Nessa mesma época, famílias migravam para o Cabo com a intenção de trabalhar nas usinas de cana-de-açúcar. Três grandes famílias foram originadas e seguiram morando no Engenho Trapiche, comprando as terras posteriormente e iniciando as construções de algumas casas. Ao longo dos anos, a comunidade recebeu vários nomes: Burrama, Pista Preta e, por fim, Onze Negras. Do grupo pioneiro que fundou a associação de moradores, quatro mulheres já faleceram, sendo substituídas por outras, sempre com a intenção de manter o trabalho coletivo em prol da comunidade. Estima-se que, atualmente, cerca de 480 famílias vivam no local.