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Três estudantes da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) procuraram a Defensoria Pública da União (DPU) no Recife nessa
terça-feira (24) para relatar agressões sofridas por eles e outros alunos no
dia 23 de dezembro de 2016, durante uma sessão do Conselho Coordenador de
Ensino, Pesquisa e Extensão (CCEPE) da universidade. O caso ganhou repercussão
no final do ano passado e os estudantes querem a apuração dos fatos. A DPU no
Recife vai compilar as narrativas e as provas existentes para fazer o envio do
material para o Ministério Público Federal em Pernambuco.
A participação de 13 estudantes na sessão do CCEPE do
dia 23 de dezembro foi um dos itens do acordo para o encerramento das ocupações
dos estudantes em diversos prédios da UFPE, pois seria nessa reunião em que se
decidiria o ajuste do calendário acadêmico após a paralização. As três
estudantes que procuraram a DPU no Recife foram recebidas pela defensora
pública federal Tarcila Maia Lopes, que acompanhou todo o processo de ocupação
e desocupação dos prédios da UFPE.
“Não tinha ninguém da Defensoria na reunião do dia 23
de dezembro. Eu e outros defensores estávamos fazendo a vistoria dos Núcleos
Integrados de Atividades de Ensino, os Niates, que também tinham sido
desocupados. Ao sair de um Niate recebemos uma ligação do gabinete da reitoria
pedindo que seguíssemos para o local da reunião por causa de uma confusão
generalizada que tinha acontecido”, lembrou a defensora pública federal Tarcila
Maia Lopes.
Na ocasião, a reitoria da UFPE lançou uma nota no seu site informando
que determinaria a abertura de um inquérito administrativo para apurar as
agressões sofridas por dois professores na reunião, mas a posição dos
estudantes é diferente da que a reitoria emitiu na nota. Segundo os estudantes,
foi um dos professores que deu início às agressões.
Para a aluna de Pedagogia R.O.V.S., a reunião foi bem
complicada e o reitor não quis ouvir os estudantes. A proposta dos estudantes
era que o início das aulas ocorresse no dia 18 de janeiro, por causa do início
das atividades do Restaurante Universitário e do transporte dos estudantes do
interior. “Mas o reitor não queria nos ouvir e a única proposta discutida e
votada foi a do dia 9. Então, acabamos nos posicionando contra a arbitrariedade
dele. Quando o reitor encerrou a reunião, eu fui para a porta pedir que as
pessoas não saíssem, mas um professor veio em minha direção, pediu licença e me
empurrou contra a porta. Eu me machuquei e a confusão geral começou”, afirmou a
estudante.
Segundo os depoimentos, enquanto a estudante R.O.V.S.
seguia para a porta, a aluna de Biologia M.B.S. foi até o reitor e pediu para
falar no microfone. “A confusão já tinha começado e eu acabei levando um tapa,
que não lembro muito bem, mas como estava com o microfone, o tapa ficou registrado
no áudio da reunião”, destacou a aluna que complementou. “Saí com o braço roxo
e minha blusa rasgada.”
Já a estudante de Pedagogia C.S. não estava na sala no
momento do início da confusão, mas ao retornar acabou se envolvendo na briga.
“Vi um dos companheiros imobilizado e uma outra aluna com a blusa rasgada.
Quando fui ajudar, acabei sendo empurrada longe. Percebi que um dos professores
se armou para me chutar, mas me defendi antes. Foi quando uma companheira me
tirou do local para me acalmar”, disse.
No mesmo dia em que a reitoria da UFPE lançou a nota
sobre as agressões no seu site, os movimentos UFPE Livre e Ocupa UFPE
também publicaram suas versões do acontecido nas suas mídias sociais. “Agora
vamos encaminhar os fatos relatados e as provas reunidas ao MPF, que é o órgão
que tem a atribuição para apurar os fatos relatados pelos estudantes. A partir
da representação, encerra-se a atuação da DPU no caso”, finalizou a defensora
Tarcila Maia Lopes.
http://www.dpu.def.br/noticias-pernambuco/157-noticias-pe-slideshow/35208-defensoria-encaminha-denuncia-de-estudantes-da-ufpe-para-o-mpf-em-pernambuco